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Anatomia Vegetal na Escola

Visualização de caule em estrutura secundária

 

Todas as plantas apresentam uma forma de desenvolvimento denominado crescimento primário, onde são produzidos órgãos novos, geralmente pelas regiões apicais. Este crescimento confere o aumento em extensão, mediante a produção de raízes, caules, folhas e flores. Porém, em várias plantas, notavelmente dentre as gimnospermas e angiospermas não monocotiledôneas, ocorre o crescimento em espessura típico em caules e raízes. Assim, esses órgãos engrossam bastante, por atividade de tecidos meristemáticos que produzem um novo sistema vascular e um novo sistema de revestimento.

       O novo sistema vascular é constituído por xilema secundário e floema secundário, e o tecido meristemático que o produz denomina-se câmbio vascular. O xilema secundário, também denominado lenho, é geralmente o maior de todos os tecidos secundários. No popular, é a madeira. O floema secundário encontra-se externamente ao xilema secundário, separado deste pelo câmbio vascular. Essa disposição se deve à produção, pelo câmbio vascular, do o xilema secundário para dentro e do floema secundário para fora.

        De acordo com a disponibilidade de água no ambiente, ou seja, sob influência das estações chuvosas e secas, a atividade do câmbio vascular aumenta ou diminui, respectivamente. Como consequência, formam-se anéis de crescimento no lenho. Assim, a parte mais clara do anel de crescimento é produzida durante a época das chuvas e a parte mais escura, durante o período de seca. Se em um ano há uma estação seca e uma estação chuvosa, cada anel de crescimento corresponde a um ano.

      O sistema de revestimento do corpo secundário da planta chama-se periderme. É formado internamente à epiderme, fazendo com que esta seja descartada.  A periderme é constituída por três tecidos. De dentro pra fora, são eles: a feloderme, o felogênio e o súber. O felogênio, também chamado câmbio da casca, é um tecido meristemático que produz a feloderme para dentro e o súber para fora. A feloderme é um tecido vivo. Já o súber é constituído por células que, quando maduras, são mortas. Trata-se da casca seca, ou cortiça da árvore.

        Nesta prática vamos visualizar o caule em estrutura secundária do cipreste (Cupressus sp.) (Fig. 1), uma gimnosperma. Veremos um ramo (Fig. 2) que cresceu em espessura, conforme indicado pela seta vermelha na figura 3.

       Para esta prática, iremos utilizar a lâmina "Cupressus sp. Caule 2º, transv." (Fig. 4) que se trata do corte transversal do caule em estrutura secundária de Cupressus sp. (Fig. 3) em um preparado permanente. Portanto, a amostra foi sacrificada, ou seja, suas células estão mortas. Muito das cores naturais foi perdido, e a coloração vermelha e azul/verde é artificial, mediante o emprego dos corantes Safranina e Fast Green, respectivamente.

       Visualize ao microscópio, conforme descrito em "Observação ao microscópio". Em pequeno aumento, temos uma visão panorâmica do corte, sendo bem visível a medula ao centro, o lenho com os anéis de crescimento e o floema secundário (Fig. 5). Externamente a este último, pode haver o córtex relativamente íntegro, preservando a epiderme (Fig. 5), ou esta pode já ter sido substituída pela periderme. Neste último caso, o súber é bem evidente e preserva sua cor castanha natural (Fig. 6).

        Quando observado em detalhe, é evidente o formato retangular dos cortes das células do floema secundário. Por se tratar de uma gimnosperma, as células condutoras denominam-se células crivadas e são anucleadas. As células parenquimáticas nucleadas auxiliares chamam-se células albuminosas. O câmbio vascular encontra-se abaixo do floema secundário, entre este e o xilema secundário (lenho) (Figs. 7 e 8).

       O lenho das gimonospermas é dito homogêneo, afinal esse aspecto é bem evidente. Os traqueídes são as células predominantes. Possuem secção transversal retangular e são produzidos na época das chuvas. Suas paredes são mais finas e o seu lúmen, mais amplo, portanto, compreendem a parte mais clara dos anéis de crescimento (Fig. 9). São as principais células condutoras do lenho. Na parte escura dos anéis de crescimento encontram-se os fibrotraqueídes, que são como os traqueídes, só que mais finos, com a parede mais espessa e o lúmen mais restrito (Fig. 9). Por conta disso, essas células são menos eficientes na condução de água, porém mais rígidas e adaptadas para a sustentação. Traqueídes e fibrotraqueídes são células mortas na maturidade. Em disposição como os raios de uma roda de bicicleta, que chamamos radial, encontram-se estruturas denominadas raios (Figs. 5 e 9). Diferente dos traqueídes e fibrotraqueídes, os raios são constituídos por células parenquimáticas vivas na maturidade, e se estendem do xilema secundário ao floema secundário, passando pelo câmbio vascular (Fig. 8).

         No centro encontra-se a medula, que já existia antes do caule crescer em espessura, ou seja, foi produzida no crescimento primário. É constituída por um tecido parenquimático, muitas vezes com as paredes espessadas (Fig. 10).

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