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Anatomia Vegetal na Escola

Visualização de mesofilo dorsiventral

 

Vimos uma breve introdução sobre o mesofilo na prática "Visualização de mesofilo homogêneo". O mesofilo também pode ser do tipo heterogêneo, quando é constituído por diferentes tipos celulares do parênquima clorofiliano, que geralmente se apresenta em dois formados: com células alongadas, denominado parênquima paliçádico, e com células geralmente curtas e de formato irregular, denominado parênquima lacunoso.

       O parênquima paliçádico é assim denominado porque, num corte transversal anatômico, faz lembrar uma cerca, que também recebe o nome de paliçada. Já o parênquima lacunoso se caracteriza pela presença de espaços intercelulares maiores, muitas vezes como sendo resultado do formato irregular das células que o constituem. É nesses espaços que circulam os gases dentro da folha para as trocas gasosas através dos estômatos.

     O mesofilo heterogêneo pode ser de dois tipos: dorsiventral e isobilateral. O mesofilo heterogêneo dorsiventral, via de regra, possui o parênquima paliçádico em sua porção superior, ou seja, abaixo da epiderme superior; enquanto o parênquima lacunoso ocorre abaixo, ou seja, entre o parênquima paliçádico e a epiderme inferior. Já o mesofilo heterogêneo isobilateral geralmente possui parênquima lacunoso em sua porção central, com dois parênquimas paliçádicos: um entre o parênquima lacunoso e a epiderme superior, outro entre o parênquima lacunoso e a epiderme inferior.

     O mesofio heterogêneo dorsiventral é, possivelmente, o mais comum. As folhas que o possuem são geralmente mesomorfas, ou seja, adaptadas a condições medianas de umidade, ou higromorfas ou hidromorfas, em outras palavras, adaptadas a condições de grande umidade ou aquática, respectivamente.

      Nesta prática, vamos observar o mesofilo da folha da mangueira (Mangifera indica) (Figs. 1 e 2), bem como também um pouco da sua vascularização.

      Vamos utilizar a lâmina "Mangifera indica. Folha trans." (Fig. 3), que é um preparado permanente do corte transversal da folha da mangueira. Portanto, não veremos o parênquima clorofiliano na sua cor original verde, pois as cores naturais foram alteradas durante o processamento das amostras. A coloração do corte é, portanto, artificial, mediante o emprego dos corantes Safranina (vermelha) e Fast Green (verde/azul).

       Coloque a lâmina na platina do microscópio e focalize, conforme descrito em "Observação ao microscópio". Iniciemos com a análise da porção mais fina da folha, ou seja, evitando a nervura principal. Ambas as epidermes são bem evidentes. Tratam-se de uma única camada de células com contorno quadrangular ligeiramente irregular, coradas de azul (Fig. 4).

     Entre as epidermes, encontra-se o mesofilo, onde é bem evidente os dois tipos de parênquima clorofiliano. O paliçádico, com células longas, e o lacunoso, constituído por várias camadas de células curtas, de formato levemente irregular.  Nota-se que a camada de células do parênquima lacunoso em contato com o parênquima paliçádico tem aspecto transicional, o que é uma condição muito comum entre tecidos parenquimáticos diferentes. A epiderme superior é aquela em contato com o parênquima paliçádico, enquanto a epiderme inferior encotra-se em contato com o parênquima lacunoso (Fig. 4). Portanto, fique atento(a) caso o corte da folha esteja inclinado ou de cabeça pra baixo.

      Olhando com mais atenção, pode-se perceber a presença de estruturas translúcidas que parecem cacos de vidro no interior de algumas células do mesofilo. São os cristais de oxalato de cálcio que, neste caso, pelo formato que têm, são do tipo prismático (Fig. 5). Esses cristais, quando vistos em um microscópio com recurso de polarização, brilham fortemente, se destacando em um fundo escuro (Fig. 6). Em algumas regiões do mesofilo, podem ocorrer células de aspecto "borrado" (Fig. 7). Tratam-se de feixes vasculares, que correspondem àquelas nervuras finas que vemos na folha, quando a observamos com uma lupa. Como esses feixes encontram-se em diversas direções, muito provavelmente foram cortados obliquamente no preparo desta lâmina, e por isso quase sempre vamos visualizá-los meio "borrados".

      Na região da nervura principal, não veremos o mesofilo com os típicos parênquima paliçádico e parênquima lacunoso, e sim uma grande quantidade de tecido vascular e também estrutural. Isso porque a nervura principal é responsável pela distribuição de vascularização por toda a lâmina foliar, além de promover sua rigidez.

       Assim, ocorrem alguns feixes vasculares calibrosos, em disposição relativamente circular. Esses feixes encontram-se com o xilema voltado para dentro (corado de vermelho), onde são evidentes os grandes elementos de vaso; e o floema voltado para fora (corado de azul) do círculo imaginário formado pelos feixes (Figs. 8 e 9). No centro desse círculo, ocorre um ducto secretor (Fig. 8).

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